Quarta-feira, 7 de outubro de 1947, 23:33 -
Meu turno no 13º distrito da polícia municipal de Arkham está prestes a começar. O rádio desse meu velho
Troco a estação de rádio. Desejo espantar velhos pesadelos que corrompem as noites que deveriam servir para acalmar a alma dos homens. O som do Jazz da Louisiana toma o carro, a Sally adorava ir naquele bar dos negros de Nova Orleans dançar. O cheiro de alcaçuz e incenso daquele lugar trazia uma experiência peculiar. Lembro dos seus olhos hipnotizados e de seu corpo respirar lentamente entre os meus braços.
Quinta-Feira, 8 de outubro de 1947, 00:33 -
Aperto o acelerador, o giro do motor se eleva, o tremor das vibrações da carroceria desperta a atenção da pista. A iluminação dos prédios não passam de simples borrões ao vento ao passar. Mesmo pressionando o pé sobre o pedal, sinto meu corpo movimentar-se ainda sobre o som do Jazz. Atravesso a ponte sobre o rio Miskatonic em segundos, apesar da neblina, o vento que antes estava em uma parado, agora assobia sobre a lataria.
Sei que o caminho mais curto até a delegacia será cruzando a
Um relâmpago, algo aparece bem no meio da pista, uma pessoa.
Piso no freio bruscamente, giro o volante, os pneus cantam sobe o asfalto, consigo desviar em último instante. Apesar da pressão do movimento do veículo, olho para a figura e algo que possa ser a minha alma, congela até a espinha de dentro para fora do corpo, seria Sally? O carro finalmente para cerca de quinze metros de onde fiz a manobra evasiva, tudo no interior foi lançado para em desordem, ignorando o trabalho de arrumar a bagunça, abro o porta luvas pego a lanterna, abro a porta do carro, acendo a lanterna. Não há ninguém.
O som do trovão ecoa em resposta sobre a rua e a chuva começa a cair, a neblina ainda intensificada.
De volta ao carro, coloco o sinto, acelero e sigo viagem para a delegacia.
Quinta-Feira, 8 de outubro de 1947, 00:47 -
Se essa noite estava completamente fora do normal, acredito que o pior ainda estava por vir. Ao adentrar a delegacia, cumprimentei dois guardas que estavam em pé, jogando cartas sobre um banco de madeira e ouvindo algum tipo de música em um velho rádio.
Sentei na mesa que estavam a papelada dos relatos da manhã e da tarde que eram o meu dever entediante desta noite. Mas interrompendo o silêncio da sala, o telefone tocou.
Um surto de adrenalina correu pelas minhas veias, pergunto-me se talvez aquela figura tenha algo a ver com isso.