Um pouco mais de um ano do lançamento e alguns meses depois que assisti pela primeira vez, resolvi rever o primeiro episódio de Ruptura, Severance no inglês.
A série da Apple TV+, quando assisti pela primeira vez, foi um desafio. O primeiro episódio tive que ver 2x porque na primeira eu dormi, achei muito parada e monótona, não havia entendido o objetivo da série.
Contudo, depois de ver as resenhas de canais do Youtube, em especial a crítica do Gaveta e do PH Santos, eu resolvi da mais uma chance e tentar ver.
Sendo bem honesto contigo, foi a melhor escolha que fiz.
Que série envolvente, a trama é muito bem construída, personagens interessantes e um “mistério” sobre o que de fato os personagens fazem na empresa que trabalham.
Na época, a trama da superfície foi o que mais capturou a atenção. Acompanhar os conflitos no ambiente de trabalho de Mark S., Helly R., Irving e Dylan e os dilemas enfrentados por Mark Scout fora da Lumon, movimentou minha mente para criar altas teorias do que viria pela frente.
(Assista essa série, ela é eletrizante, vale cada segundo)
Assim, depois de terminar, comecei voltei a acompanhar as críticas dos canais do Youtube, dessa vez com spoilers. E também comecei a perceber as demais camadas que a equipe de produção adicionaram nas entrelinhas dos diálogos, trejeitos, fotografia, direção e criação de alegorias com os personagens.
(Teremos algumas indicações de livros no final dessa jornada de textos, agradecimentos especiais ao PH Santos)
Quero discorrer um pouco sobre essa nova interpretação que tive nas próximas postagens, tentando falar de cada episódio, em partes.
Mas antes de finalizarmos, uma breve explicação da série para quem não viu ainda e do que se pode esperar nos próximos textos.
Resumo:
Ruptura é um processo cirúrgico criado por uma empresa chamada Lumon, cuja ideia é implantar um chip na cabeça de uma pessoa. Através desse dispositivo irá-se criar uma separação entre o seu Eu em duas diferentes personas, o que trabalha dentro da Lumon, e o que vivi o mundo exterior.
A série vai nos apresentar Mark Scout e suas visões através dos olhos de seus Eus, e como a vida dentro e fora de trabalho podem ou não se relacionar. Bem como o desafio moral da sua escolha de fazer a Ruptura.
Para exemplificar a Ruptura, iremos apresentar cada Eu do personagem Mark, como Mark Scout que vive sozinho e sofre por algum problema de relacionamento com as pessoas a sua volta. E o Mark S. que trabalha dentro da Lumon no setor de Analise de Macrodados, sendo o novo líder da equipe após a saída do seu melhor amigo de trabalho.
Ruptura é uma série que me fez querer estudar bastante sobre relações humanas por seu questionamento moral sobre a vida de trabalho no século XXI.
Mark Scout é um exemplo da vida de alguém que sofre dores em sua vida social e que deposita suas expectativas e horas da sua vida a uma empresa que o fará se afastar de seu problema por 8 horas diárias.
Para ilustrar essas temáticas de lidar com a dor, quero trazer um ponto apresentado em “A Sociedade Paleativa”, um livro de um dos meus novos autores favoritos, o filosofo Sul-Coreano, Byung-Chul Han, que discute sobre como o medo da dor que temos.
Seja física ou mental, essa dor nos leva à caminhos que nos faça querer fugir da realidade para que não tenhamos que vivê-la efetivamente no nosso dia-a-dia. Seja através da busca por endorfina dos likes em redes-sociais, bebidas alcóolicas e/ou demais drogas (lícitas e ilícitas).
E ao longo da série, será com o trabalho e álcool que Mark Scout tentará fugir de sua dor.
(sim, irei tentar não dar muitos spoilers)
Além disso, ainda sobre o tema das reflexões que tive. Mark S., vai viver enquanto sua existência é de só trabalhar, as dores as quais são vividas por uma cobrança de desempenho. Enquanto isso, tem o seu profissional, emocional e relacional, restringidos ao conjunto de regras impostas pela Lumon. Também trabalhado em outro livro do Byung-Chu Han, “A sociedade do Cansaço” que discutiremos muito sobre ao longo dos textos dos episódios.
(Acho que se eu dissecar cada pensamento que tive, esse texto será um livro inteiro.)
Assista Ruptura e por favor volte aqui quando eu tiver postado as demais partes sobre meus devaneios dos episódios. Vou adorar ler ou ouvir suas percepções sobre os temas nas mensagens pelas redes sociais.
Se gostou do resumo do resumo do livro que comentei, teremos mais do autor por aqui nas próximas postagens.
Espero que tenha gostado de ler, o quanto me interessei por escrever.
Um xero,
João.
P.S.: Fica de indicação o vídeo do Gaveta sobre The Beauty Design of SEVERANCE